
Mas ela não liga para nada disso. Segue ali, com seu ar blasé, ignorando o que se passa a sua volta. Dizem que as velas costumam ser esquentadinhas, mas esta é de uma frieza sem igual. A única coisa que a deixa de cabeça quente é pensar que, um dia, caso acabe a luz e não seja possível encontrar aquelas velas de segundo escalão que são úteis nessas horas, ela seja acesa e perca todo seu glamour, se transformando numa simples vela operária.
No fundo, por trás de toda essa pose, ela guarda uma certa inveja dos lustres e abajoures. Para a vela, eles que são felizes, sendo muito mais eficientes na hora de iluminar e sem perder a sua beleza. Enquanto a vela um dia morrerá de tanto trabalhar, deformada e esgotada.